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A princípio esse era um blog para que eu divulgasse meus poemas e textos. Hoje não sei mais... Talvez, junto comigo, ele tenha se transformado e essa "Casa de Amigos" venha a se tornar não só lar dos meus delírios como também de meus desabafos...

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Lembre-te de palavras tuas...

Querido amigo,

Ao ler suas notícias, interpus-me em profundo silêncio, procurando as respostas das quais você também busca. Não garanto efetivamente tê-las encontrado. Muito menos, afirmo que conseguirei relatar aquilo que descobri em minh’alma.

Não posso imaginar a dimensão de seu sofrimento. Reconhecendo a grandeza de sua alma, sua força, delicadeza e história pessoal, de fato, não garanto que muitos chegariam até onde você chegou.

Sua evolução perante o resto da humanidade está em grau tão acentuada que é como se não fosse um de nós, mas alguém mais elevado. Contudo, como diz o ditado, “santo de casa não faz milagres”. Não acredito que seja facilmente reconhecido em nosso meio, humano.

Imagine... Recrie toda sua vida e some seus anos. Onde você acha que um jovem de sua idade estaria? E o que pensa que ele estaria fazendo? Garanto-lhe que nem um terço do que você foi capaz de fazer. É espantoso pensar em seu progresso, princípios, virtudes e fatos. Como consegue tudo isso? Você é muito mais que um jovem de dezoito anos, sempre foi!

Não possuo muito tempo em ócio para escrever-lhe o “testamento” que tanto acho digno, por isso, escrevo-lhe esta carta mais simples.

Tu, meu amigo, buscas aquilo que o homem, há tempos, se esquecera; aquilo que os poucos, que se alertam à sua necessidade, vêem da forma romantizada e perfeita transpassada pela mídia. Mas tu não! Tu buscas mais... Quer sim alcançar o amor, felicidade, respeito, sucesso. Contudo, não os buscas na perfeição, na mídia, no impossível; busca-os nas essências feias de que nasceram, busca-os do jeito mais virtuoso e original – do jeito que deve ser.

Como bem sabes, o amor é feio, duro e seco. Não devemos esperar nada de belo e perfeito nele... Não! Ele está aquém disso, não se importa, verdadeiramente, com coisas superficiais e mundanas, com sua secura, amarguês, sofrimento e tudo mais que pode causar! Amor... Ah! Querido amigo, esse se importa com o que pode transmitir e isso, sim, é belo, macio e suave... Confundimos sempre isso.

Esperamos muito que alguém nos ame, com isso, nos distanciamos de sua nostalgia, pois essa não está em sermos amados, mas em amarmos. É isso que torna o amor belo. Não é quem nos ama, mas quando amamos. Paremos de buscar no que é amargo o doce. Se vamos beber da fonte do amor temos que saber sempre que: enquanto nós oferecemos a fonte do açúcar, a vida (o amor, a sociedade e todo resto) nos oferece a fonte do amargo; e devemos bebê-la! Só assim, experimentaremos de fato o amor.

Amar não é belo enquanto se ama... Sofre-se, rompe-se, chora. Ele é belo quando, após ocorrido algo, olhamos para trás e lembramos do quão feliz foi aquele momento; além do sofrimento daquele ou de outros, mas apenas a essência de uma rara e refinada alegria que já se foi.

Beleza é eterna, mas nem sempre a mesma. Sua eternidade não estar em perpetuar-se desmedidamente pela imortalidade dos tempos, dos homens, pessoas, sociedades – ou seja lá o que for. Está sim no fato de que o belo é o todo, e esse está em constante renovação; por isso, não se perde ou decai, apenas perpetua.

Virtudes menores são constantemente sacrificadas pelas pessoas para que a moral maior, talvez a ética, seja perpetuada. Assim também são os sentimentos puros. Sacrifícios menores são obrigatórios para o equilíbrio de suas existências. No caso do amor: nem sempre o desejo de amar, ou mesmo de ser amado, é prudente; afinal, nem sempre estamos cientes do que queremos, do que fazemos, do medo e do que é de fato o amor. O amor é paciente, sabe esperar, mesmo que deixando a janela aberta – alguém ainda pode pulá-la, lembre-te disso.

Com certeza, já paraste para pensar que o mundo de hoje ama efemeramente, e sofre oceanos de turbulência até o próximo amor. Isso não é por acaso. Os homens negam, e negam fervorosamente, o amor puro (feio, duro e seco); e, com isso, buscam desmedidamente a paixão – uma velha ilusão de que tudo é perfeito. Ora, pois, o mundo humano nada tem de perfeito... Com isso, em que lugar caberia a ilusão de um momento perfeito que se perpetuou por pouco tempo? Ele acaba com toda a esperança de perpetuação do todo, o qual duas pessoas juntas são capazes de proporcionar. E essas se separam para buscar novamente aquele doce chocolate perfeito e finito. Contaríamos, em poucos números, os que realmente buscam a essência por trás de tudo, a essência do verdadeiro amor – e muitos desses só o fazem depois de anos, talvez décadas, de largos sofrimentos e estreitas alegrias.

Horas, dias, tempos de solidão não são ruins quando nos conhecemos e conhecemos, também, a amplitude de nosso amor; sendo capazes de transmiti-lo a qualquer um, ou mesmo, a qualquer coisa. Quando temos essa ciência, em mãos, momentos só não nos assustam, nem entristecem; fazem-nos pensar em como dar mais passos rumo a nosso indescritível ser essencial – aquilo que de fato somos. Contudo, quando buscamos em alguém um espelho – meramente fosco – para poder nos observar, mesmo que de forma tão abstrata e irreal, esses momentos nos doem mais que perder a própria alma – talvez porque, em teoria, já a tenhamos perdido; se não conhecemos nosso próprio eu, quem nos garante que ele de fato é nosso? Tenho a plena certeza de que tu sabes disso muito bem.

O grande erro de hoje, erro esse que creio ser uma das maiores causas de teu sofrimento, é que as pessoas estão por aí, buscando serem amadas, mas se esquecem de buscar amar também. O egoísmo social chegou a tal ponto que nos interessa que sejamos amados, mas pouco pensamos em dar de nosso amor ao outro, seja quem for, sem medo de arriscar.

Tu, porém, meu amigo, amaste tanto, arriscaste tanto que perdera tuas forças e, nesse caso sim, precisas ser amado, sentir-te acolhido e abraçado pelo amor, para que possas, enfim, libertar-te dessas amarras do cansaço, fadiga e descrença que nosso mundo te impôs. Por essa linha, quando isso acontecer, voltarias a amar novamente como sempre fizeras. E, então, serás tu novamente: o amante eternamente inocente.

Mas, se queres um conselho desse teu velho e fatigado amigo, não desanimes. Enfrentaste tantas desgraças em tua vida para te deixar abater por essa. Não! Erga-te da cadeira de onde estás. Ponha-te pronto, já! Vista teu melhor traje e saia, saia descompromissadamente; visite teus lugares favoritos, assista bons filmes e peças, escute boa música, cante, dance. Dê uma chance à vida... Mas faça-o agora, enquanto é forte, jovem. Mude o mundo, no qual os jovens erram e os velhos se concertam. Concerte-te já. Não espere ser amado, mas ame! Conquiste a ti mesmo todos os dias, horas, minutos, segundos... ame! Faças como sempre fizeste. Afinal, a tristeza humana e sua desilusão no amor não estão em não serem amados, mas em não buscarem, ou mesmo não saberem, amar!

Sobre a felicidade... Lembre-te de palavras tuas: “felicidade é uma gota refinada extraída após tempos de sofrimento e aprendizagem”.


De teu eterno amigo,
A Vida.

D'Artagnan Abdias

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