Bem-vindos à CASA DE AMIGOS!

Dou as boa-vindas a todos e faço votos de boas leituras!

A princípio esse era um blog para que eu divulgasse meus poemas e textos. Hoje não sei mais... Talvez, junto comigo, ele tenha se transformado e essa "Casa de Amigos" venha a se tornar não só lar dos meus delírios como também de meus desabafos...

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segunda-feira, 27 de julho de 2009

Diafaneidade em Amor

-Às vezes, é como se o mundo inteiro coubesse dentro de mim; como se eu soubesse todas as respostas e entendesse todos os porquês, mesmo sem saber explicá-los ou falá-los. Em outros momentos, meu coração se enche de dúvidas, não tenho as respostas de que tanto preciso e estou diante de uma bifurcação extremamente dolorosa; ambos os caminhos me fazem deixar no passado valores de que muito prezo.

-E aí começa a ladainha!

-Para Pedro! Deixa ele falar. Eu gosto das histórias e contos dele!

-Isso é porque você ainda não passou anos escutando elas.

-Mas nunca são as mesmas. Deixe que ele fale. Passaria anos, sentada, escutando as Filosofias de Arthur.

-Obrigado Mona. Você é um anjinho. Mas minhas filosofias têm seu peso de negatividade. Eu só as faço em momentos terrivelmente dolorosos ou ambíguos.

-Não importa. São belas e verdadeiras. É isso que me interessa. Eu penso que você, com esse jeito delicado, forte, durão, esconde aí por trás uma dor incompreensível e, acreditando nisso, admiro demais o modo com que você lida com isso. Essa sua alegria... Por trás de tanta dor, você só conseguiria ter se encontrasse respostas, mesmo que só teorias, dos porquês da vida. Eu acredito em você. Acredito na magia do amor e da sabedoria e queria muito ser como você. Mas... Isso é para os bons!

-Já vi que to sobrando... To vazando. Quando a filosofia acabar eu volto para ver TV, ok?!

-Pode ficar Pedro. Eu e Mona vamos para o quarto. Lá poderemos conversar sem atrapalhar você. Venha Mona!

-Sente-se. Não se acanhe!

-É lindo! Nossa! Como consegue ser tão organizado? Você leu todos esses livros?! Uou! Que altar perfeito... Agora eu entendo porque ninguém entra aqui. Mas por que não em levou pro quarto onde você dorme?

-Durmo aqui, às vezes... Você sabe como é... Te trouxe aqui porque assim não atrapalhamos Pedro na sala, o quarto é longinho... Sou perfeccionista, tudo em seu lugar. Li quase todos, alguns poucos são de minha mãe. Ser um bruxo, minha cara, tem seus privilégios... Mas olha quero que entenda uma coisa, e muito bem! Não sou “bom” ou privilegiado pelas minhas filosofias. Coisas e acontecimentos, bem como escolhas minhas, me levaram a elas. E talvez, minha maior dívida para isso seja com o sofrimento. O que muitas pessoas temem eu aprendi a tirar meu proveito, minha história, minhas explicações. Aprendi a ver em cada sofrimento um aprendizado único, um caminho de evolução, um jeito de entender e melhorar sempre. Não que eu deseje sofrer! Não! Sou como todo mundo... Gosto de ser feliz e alegre. Mas quando sofro, não temo; ergo a cabeça e vou em frente, aprendendo e resolvendo o que se tem pra resolver. Nada é por puro acaso...

-É eu sei! Tudo na hora certa e do jeito certo, mesmo que não pareça.

-Aprendeu bem!

-Eu presto muita atenção no que você diz. Sabe, admiro você, sua fé, sua crença, sua sabedoria. Você sabe como chegar a algo.

-Não... Não sei! Nunca soube. Sempre contei com a inspiração e um pouco de trabalho bem como muita imaginação para chegar a algo. Quase sempre com ajuda, mesmo que imperceptível, ou contando com muita sorte. Escute, Mona. A vida não é mais bonita ou mais feia quando se conhece as teorias ou se tem a visão de que eu tenho acesso. Não... Ela é a mesma, o que muda é o jeito com que a vivemos. A beleza das coisas não está em sua aparência, mas em sua essência; e a essência não é vista, é vivida.

-Quais escolhas se deve fazer para chegar até onde você chegou? Precisa ser um bruxo ou bruxa?

-Não! Precisa-se ser um místico, ou seja, alguém que conheça e viva os mistérios do Universo, precisa estudar muito, ler muito, pensar muito e saber que sempre se está aprendendo. Uma folha que cai da árvore pode ter mais ensinamentos naqueles breves segundos do que um livro de um milhão de páginas. Basta você buscá-los com seu coração. Mas a principal escolha que se deve fazer é a mesma do conselho que Dumbledore deu a Harry Potter no quarto livro da série: “... devemos escolher entre aquilo que é fácil e o que é certo”. É difícil entender qual é fácil e qual é certo e mais difícil ainda é escolher, pois em ambos os casos abandonaremos valores dos quais fazem parte profunda em nosso ser.

-Eu queria ser como você, uma mística, como você disse.

-Se você quer, então, já tem cinquenta por cento do caminho traçado. Agora, é buscar conhecimento, teoria e os mistérios. Posso te ajudar nisso, mas o caminho até eles você terá de fazer sozinha. Mas já te adianto, o principal dos mistérios é o amor; o mais nobre dos sentimentos e a mais poderosa das magias. Ele é simplesmente indefinível. Não se tem uma classificação do que seja de fato o amor. Ele é atemporal, não vê distância, não vê forma, não vê destino. Vê o ali, o agora, e o bem maior do ser amado, independente do egoísmo de se ter alguém, pois isso é paixão.

-O amor é lindo...

-Não! Ele é feio, muito feio. O que ele faz é lindo. Mas amar em si é se perder, deixar de existir... É seguir a vida sempre em doação. Quando se ama se vive por amor e ele não está apenas na pessoa a quem escolhemos, intimamente, para amar. Está em tudo, em todos. Quando se ama se ama a tudo e a todos, porque o amor é completamente altruísta. Ele é um vento, uma brisa suave que esbarra em tudo e todos, mesmo que sem ser percebido, ele está ali. Os que se contagiam com ele são arrastados na direção da brisa vendo coisas lindas enquanto se deteriora a si mesmo.

-Como assim? Se deteriora a si mesmo?!

-Quando você ama, você simplesmente ama. Pouco te importa se aquele amor está sendo realizado ou não. Você abdica de tudo para apenas ver a pessoa feliz, independente de sua companhia ou não. Claro, amor sempre vem acompanhada da sedutora paixão e essa nos dá aquela pitadinha de vontade de querer ter a pessoa amada perto; mas o amor logo vem e dosa, o perto para o amor pode ser um amigo, namorado, marido, não importa... Ele apenas que ver feliz a pessoa que o recebe, que o completa, que o faz bem; mesmo que para isso tenhamos que sacrificar nossas decisões, nossos sonhos e, em último caso, até a nossa felicidade. O amor é um sentimento unilateral que, às vezes, é correspondido em mesma freqüência. Não se escolhe a quem amar e diferentemente da paixão, não se pode criá-lo ou transmiti-lo com o tempo, ele simplesmente vem, desrespeitando qualquer hierarquia que lhe seja imposta, afinal, ele é o todo soberano.

-Então, amar é algo inexplicável. Mas como as pessoas o diferenciam?

-Hoje em dia não se diferencia mais. O egoísmo é muito forte, poucas pessoas têm coragem de serem altruístas. Com isso, sentimos muito paixão. Muitas vezes, falamos: “eu te amo” querendo dizer “eu estou apaixonado por você”. Mas, quando se ama verdadeiramente, a pessoa sabe, mesmo que no mais profundo do íntimo dela. Ela simplesmente sabe, porque não define, não entende. E começa a compreendê-lo a medida que vão seguindo os conselhos dele, mesmo que o mundo inteiro ria daquilo ou achem errado, só aí elas começam a entender a dimensão que é de fato o amor e até onde ele é capaz de chegar em nome de se preservar aquilo que ele mais preza: o bem maior daquilo que se ama.

-É por isso que dizem que aquilo que é feito com amor dura para sempre.

-Exato! Uma vez colocado amor ali, não existe barreira que o pare, não existe obstáculo que o vença, não existe nada que o supere. Então, se você de fato amar ou fazer algo com o verdadeiro amor aquilo viverá para sempre e você saberá que aquilo vive, mesmo que não mais esteja com você ou em suas mãos. O amor é o único elo incapaz de se destruir, mesmo que a relação em que vivemos esse amor mude, ele jamais muda; mas se adéqua a nova situação com muita maestria.

-Então, por exemplo, seu eu amar de verdade alguém e, por alguma eventualidade, acabar me separando esse amor vai continuar existindo mesmo que nem eu queira mais essa pessoa?

-Sim! Ele pode parecer que foi apagado pela raiva ou pelo ódio. Mas, sem dúvidas, ele está lá com a mesma orça de antes e, talvez, inconscientemente, você tenha se separado por que viu ou imaginou que a felicidade de quem você ama é mais completa sem você; e, se por acaso, você descobrir que você é que completa essa felicidade do outro, você, sem saber ou sabendo, tenta reatar a relação, mesmo que com uma amizade. E, lembre-se sempre, o ódio nada mais é que a afirmação de um amor negado ou de um sofrimento egoísta de uma das partes. Não existe ódio sem amor.

-E se a pessoa amada for um grande amigo e não mais que isso, como fica o amor?

-Do mesmo jeito. Se a amizade já faz a pessoa feliz, para o amor, isso basta. A paixão que sentimos – onde tem amor tem paixão, mas nem sempre onde tem paixão tem amor – é que nos pede para ter algo mais, uma relação mais íntima como um namoro. O amor só quer a pessoa feliz e se predispõe a estar sempre ali, independente do que a pessoa amada precise e mesmo que tenha que sacrificar a paixão e o gostoso sabor que se tem com a realização dela.

-Um dia quero amar assim, com pureza.

-Se você continuar a ser essa jovem com coração de menina, um dia amará. É só não deixar que a vida, a decepção e a sociedade corrompa seu amor. Guarde-o como o bem mais precioso que você tem. Não deixe ser contaminado pelas efemeridades e enfermidades que vivemos na vida social; então, na hora certa você amará com pureza. Mas tome cuidado para não se iludir com a paixão, achar que é amor e dar tudo de si para a pessoa errada. Mantenha os pés no chão e lembre-se, para estar sempre a postos para a pessoa que amamos, temos que amar a nós mesmos em primeiro lugar; saber a hora de agir e não nos perdemos. Amar não é viver a vida da outra pessoa, mas fazer – independente da forma – a outra pessoa fazer parte completa da sua vida!

-Seguirei o conselho!

-Agora vamos, já está tarde! Vou te levar para casa. Você pode ter quatorze anos, mas com certeza preocupa sua mãe, que te ama!
-Claro, ela já deve estar se roendo. Mandou eu voltar às vinte horas e já são quase dez... Mas ela sabe que estou com você, estou segura...

-Eu se fosse você não abusaria tanto da sorte assim; além do mais, não sou passe de segurança para ninguém. Sou humano tanto como você! Hehehe...

-Bobo, você me entendeu, papai!

-Vamos, vou ir no carro do Pedro. O meu está pra revisão...

-Ele não vai ficar bravo não?!

-E deveria?! Somos casados, no papel o que é meu é dele e o que é dele é meu... Posso abusar desses termos, se é que me entende?! Hehehe...

-Safadinho! Então te, uai!

-Pedro, to pegando seu carro pra levar a Mona, daqui a pouco estou de volta.

-Vai lá! Mona, você é sempre bem-vinda! Dirija com cuidado, hein?! Não quero perder duas raridades em um acidente de carro, ainda mais com o meu. Não tenho seguro!

-Pode deixar meu bem. Na volta trarei um filme para nós, ok?!

-Hmmm... To afim de assistir um romance!

-Deixa comigo?!

-Vamos Mona?

-Sim, papai!

-Ah! Querido, me desculpe se te ofendi... É que eu queria mesmo ver o meu programa na TV.

-Relaxa Pedro! Sei que você me ama e sei que conhece todas as minhas teorias. É realmente muito chato escutar algo mais de uma vez. Eu te entendo. Já volto!

-Obrigado amor! Te amo! E quando tiver uma nova, terei, realmente, o prazer de te escutar.

-Será o primeiro para quem eu contarei... Vamos, mocinha!

-Tchau, Pedro! Volto fim de semana que vem.

-By, mocinha! To de olho com você na escola... Fica escutando o Arthur falar de amor... Vou aproveitar que sou seu professor pra saber como você usa isso!

-Ah! Uns beijos não é pecado!

-Não é não! Mas você não tem idade para passar disso! To de olho!

-Nem quero! Na hora certa tudo acontece...

-Aprendeu bem o que Arthur fala. Primeira filha que escuta muito o pai...

-Acho que a distância ajuda.. Não nos vemos todo dia, não é filha? Aí a saudade nos faz ser mais ouvidores e entendedores que carrascos e rebeldes. Agora vamos porque já estamos atrasados; Estelle me mata! E também a locadora fecha as vinte e duas e trinta. Perderemos o filme se me atrasar!

-Vão! Vão! Rapidinho... Anda! Quero meu filme. Hehehe... Beijo Mona! Boa noite. Nos vemos segunda!

-Beijinho, paizinho... Hihi!

-Paizinho?!

-É pai, ele é meu paizinho e você meu paizão! Hehehe

-Vamos antes que isso vire assunto.

-Chegamos! Você ficou calada o percurso todo. Por quê? Onde estava essa sua cabeça?

-Pensando no que você me disse hoje, sobre o amor. Quero entender melhor, mas eu sei: na hora certa!

-Muito bem! Hora de ir! Manda um beijo pra sua mãe, cumprimentos ao seu padrasto e um abraço no seu irmão... Te pego sexta na escola!

-Você não vai entrar?!

-Não! Receio papiar por aí e perder a hora da locadora.

-Você e o Pedro não cansam hein?! Ô fogo!

-Menina! Isso é intimidade nossa!

-Hehehe! Desculpe... Mas, vai me deixar levar a bronca sozinha, né?

-Sua mãe confia em mim. Sempre fomos grandes amigos e foi por isso que você nasceu...

-Eu sei, você não casaria com uma mulher, pois seria uma mentira sua para ela.

-Isso aí! Agora vai!

-Até sexta! E... Pai não se atrase!

-Não atrasarei, até! Beijos e boa noite!

-Boa noite, paizão! Beijos... Te amo, ok?!

-Também te amo, querida! Vai logo antes que sua mãe ligue para o meu celular...

-Já fui!


D'Artagnan Abdias.

2 comentários:

Unknown disse...

ESTOU PEDRIFICADA !! AMOR VC SIMPLISMENTE ESCREVEU ALGO QUE TANTO PRECISAVA LÊR E ENTENDER . EU NUNCA LI OU OUVI ALGUEM DIZER TÃO PERFEITO SOBRE O AMOR,AGRADEÇO SUAS MÃOS ,SEUS OUVIDOS,E SEU CORAÇÃO !!SIMPLISMENTE PERFEITO TE ADMIRO MAIS E MAIS ..MIL BEIJOS E CONTINUE A ME ENSINAR

Dartagnan Abdias disse...

Obrigado querida! Acompanhe o Blog... um pouc mais adiante prometo postar um detalhamento sobre o amor que estou terminando de editar que ficou, modestia parte, mais perfeito que esse! Escrevo exatamente para ajudar a mim mesmo e a quem precisa. Obrigado!